Ao menos dois músicos foram feridos por balas de borracha disparadas pela Polícia Militar durante festa ocorrida na noite do último domingo (20) no centro de Florianópolis. Um homem foi atingido na barriga, enquanto o outro foi atingido nas costas.

Nesta segunda-feira (21), foi instaurado um inquérito para averiguar o caso. Segundo o comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar do Estado de Santa Catarina, major André Serafin, a PM foi acionada para coibir uma ocorrência de perturbação, que se transformou em tumulto generalizado em decorrência do não acatamento das pessoas que não aceitaram o interrompimento do evento musical.

Segundo Pedro Henrique, o baixista da banda gaúcha Cartas na Rua, ele e os outros integrantes do grupo estavam em frente a um bar quando o tumulto ocorreu.

O músico acrescentou que após o ocorrido o bar foi fechado, então alguém pegou um pandeiro e começou a tocar. Os frequentadores da festa já estavam se dispersando no momento em que chegou um grupo de policiais, aproximadamente 15, ordenando que a Música parasse.

Logo em seguida ao comando, os policiais teriam utilizado spray de pimenta e efetuado os disparos de balas de borracha contra as pessoas que estavam na rua.

O músico Neimar Machado informou que foi em direção aos PMs e perguntou quem era o responsável pelo comando. Um policial que estava a menos de 1,5 metro de distância respondeu que era o comandante e disparou um disparo de bala de borracha à queima-roupa no músico.

Em seguida ao disparo, Marcelo da Luz, instrumentista da banda, também foi atingido nas costas. Os músicos disseram que foram perseguidos pelos PMs por duas quadras.

A cineasta Cíntia Domit Bittar estava no local e relatou o confronto. Ela disse que quando olhou para o lado viu uma cortina de gás de pimenta e foi tentar dialogar com os PMs, mas foi tratada com desrespeito e grosseria pelos policiais, foi então que ela ouviu os disparos e os policiais usando cacetes para dispersar os frequentadores da festa.

O evento no centro de Florianópolis iniciou na tarde de domingo e invadiu à noite, a atração principal foi o show musical. Paralelamente ao show ocorreram diversas atrações culturais.

A versão da PM

Segundo o major Serafin, moradores da região, incomodados com o barulho, acionaram a Polícia Militar por meio do 190. Uma única viatura foi até o local e solicitaram ao dono do bar que o som fosse desligado.

O som foi desligado, no entanto, o bar seguiu com a venda de bebidas e a baderna na rua continuou.

A PM atendendo a novo chamado retornou ao local, as pessoas ali presentes passaram a hostilizar à PM com palavras de ordem e ofensas, segundo o major, a Polícia Militar se utilizou dos meios necessários para fazer cessar a baderna.