Nesta sexta-feira (24), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, anunciou durante um pronunciamento à imprensa a própria demissão. Sua saída do Governo Bolsonaro, deu-se em decorrência da sua divergência com a decisão do presidente da República em exonerar o Diretor Geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, braço-direito e homem de confiança de Sérgio Moro.
O discurso aconteceu na sede do Ministério da Justiça, onde fez um breve balanço da sua gestão na pasta da Justiça e Segurança Pública e depois acusou o presidente Jair Bolsonaro de frequentemente interferir nos trabalhos investigativos da Polícia Federal, por questões políticas, inobservando os aspectos técnicos e a autonomia que a Polícia Federal deve ser conduzida.
Revelou que o fato crucial para o rompimento com o Poder Executivo Federal foi a demissão do Diretor Geral da Polícia Federal, sem motivos plausíveis, sem critérios técnicos, apenas meramente políticos partidários.
Sergio Moro
Símbolo do combate ao crime organizado e à corrupção, ganhou notoriedade nacional, quando era juiz federal supervisionou uma grande investigação sobre corrupção conhecida como Operação Lava Jato, que expôs bilhões de dólares em subornos, culminando na prisão de muitos empresários e políticos poderosos, incluindo o ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.
Foi convidado pelo presidente da República eleito, Jair Bolsonaro em 2018 para assumir o chamado "super ministério" que uniu as pastas da Justiça e Segurança.
A sua saída é um forte golpe para o Governo Bolsonaro, devido a sua popularidade e respeito em toda classe política brasileira.
Após seu pronunciamento, vários políticos de renome lamentaram sua retirada do Ministério, bem como os "panelaços" representando o descontentamento popular através do som dos protestos que ecoaram nas cidades brasileiras, depois que sua demissão foi anunciada nas redes de televisão brasileiras.
Exoneração de Mandetta
Na quinta-feira (16), o titular do Ministério da Saúde, Luiz Henrique Mandetta foi exonerado do cargo, por defender o total isolamento social para combater a proliferação da Pandemia do Coronavírus, em consonância com as diretrizes técnico científicas da Organização Mundial de Saúde, divergindo das recomendações presidenciais, que causou desgaste ao Poder Executivo Federal, devido ao grau de credibilidade popular que o ex-ministro da Saúde possuía no combate à Covid-19.
A demissão de Sérgio Moro agrava ainda mais a crise de credibilidade do atual Governo, que sucessivamente vem perdendo apoio de seus aliados políticos.
Em resposta, o presidente organizou uma entrevista coletiva, refutando as acusações de Moro e alegando que a exoneração do Diretor Geral ocorreu a pedido e informou que o ex-ministro pretendia ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal como uma moeda de troca pela substituição do dirigente maior da Polícia Federal.