Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) na sexta-feira, 8, apontaram um crescimento de 55% no desmatamento da região amazônica em relação ao mesmo período no ano anterior. O monitoramento, realizado por imagens de satélite, revelou a devastação de uma área de 1.202 quilômetros quadrados na região entre os meses de janeiro e abril deste ano.

Esta é a taxa mais alta de desmatamento registrada pelo INPE desde o ano de 2016, ano em que o órgão, submetido ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, começou a realizar o monitoramento.

Os números são preocupantes, uma vez que o início da estação seca se dá em maio, marcando também o princípio da época de queimadas. Em 2019, 10.123 quilômetros quadrados da Floresta Amazônica foram devastados, superando pela primeira vez a marca de 10 mil quilômetros quadrados de 2008.

Atuação do Ministério do Meio Ambiente preocupa entidades de proteção ambiental

Somente em abril deste ano, o alerta de desmatamento cresceu 63,75% em comparação a março. No mesmo mês, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, exonerou Olivaldi Azevedo, então diretor de Proteção Ambiental, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA), após operações contra garimpeiros ilegais em terras indígenas no Pará.

No lugar da diretoria, o ministro colocou o coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo, Olímpio Magalhães, que solicitou a exoneração, dias depois, de Hugo Ferreira Neto Loss, que atuava como coordenador de operações de fiscalização, e de Renê Luiz de Oliveira, que ocupava o cargo de coordenador-geral de fiscalização ambiental do IBAMA.

Também a pedido de Magalhães, Salles nomeou Walter Mendes Magalhães Júnior como responsável pela coordenação geral. Coronel da reserva da PM São Paulo e ex-comandante da Rota, Magalhães Júnior fora colocado por Salles, em 2019, na posição de superintendente do Ibama no estado do Pará, quando autorizou exportações de madeira sem licença.

Em Decreto publicado no dia 6 de maio, Jair Bolsonaro autorizou o uso das Forças Armadas para a Garantia da Lei e Ordem (GLO) em operações nas áreas de fronteiras, bem como em terras indígenas e unidades de preservação ambiental.

De acordo com o biólogo Rômulo Batista, porta-voz da campanha de defesa da Amazônia realizada pelo Greenpeace Brasil, o Decreto retira a autonomia de órgãos responsáveis pelas ações de fiscalização e combate ao desmatamento, como o IBAMA e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), colocando sob responsabilidade militar, até o dia 10 de junho, esse papel de proteção e de supervisão das agências ambientais.