A Polícia Civil do Distrito Federal realizou uma operação no domingo, 21, em uma chácara em Águas Claras, cidade satélite de Brasília, que estava sendo usada pelo grupo 300 do Brasil. Foram apreendidos no local telefones celulares, cartazes, fogos de artifício, um facão, um cofre e objetos utilizados nas manifestações organizadas pelo movimento. Havia ainda diversos papéis manuscritos, com planos de ações e discursos.

A chácara funcionava como um ponto de apoio para os 300 do Brasil, grupo de extrema-direita que está sendo investigado pela Coordenação Especial de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (CECOR) por suspeita de formação de milícia privada, realização de ameaças e porte ilegal de armas.

No imóvel, que tem duas casas e câmeras de segurança espalhadas por toda sua extensão, também estavam instaladas barracas.

Liderado por Sara Giromini, conhecida nas redes como Sara Winter, o grupo montou um acampamento ainda no início de maio no estacionamento do Ministério da Justiça e da Segurança Pública. Outra parte dos 300 se fixou ao lado do Ministério da Agricultura. Apoiador do presidente Jair Bolsonaro, o movimento se uniu na internet e promoveu uma campanha de financiamento coletivo que chegou a arrecadar mais de R$ 70 mil.

Em entrevista concedida à BBC, no dia 13 de maio, Sara Winter admitiu que membros do acampamento possuíam armas, apesar de falar que o grupo defendia métodos de "ação não-violenta".

Nos textos e mensagens convocando apoiadores nas redes sociais, contudo, o grupo se utiliza de uma linguagem com viés militarista, havendo menção a uma "organização paramilitar". Além disso, os 300 do Brasil defendem a intervenção militar e o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF), tendo participado das manifestações em apoio a Bolsonaro que têm ocorrido aos domingos.

No sábado passado, dia 13 de junho, membros do grupo soltaram fogos de artifício à noite em direção ao prédio sede do STF. Em vídeo divulgado nas redes sociais era possível ouvir indivíduos proferindo ofensas e ameaças aos ministros. A ação se deu após o Governo do Distrito Federal ter desmontado o acampamento na Esplanada dos Ministérios, sob alegação de se tratar de uma ocupação ilegal, uma vez que se trata de área de segurança determinada por decreto federal.

O Ministério Público Federal determinou, no domingo, 14, a abertura de um inquérito policial para investigar a ação contra o STF.

De acordo com um servidor da Esplanada que conversou com a equipe do jornal Correio Braziliense, as pessoas acampadas circulavam pelo local sem uso de máscaras, além de não respeitarem as medidas de distanciamento social decretadas para se conter a pandemia de coronavírus.