Situado na ponta norte do Brasil, o Amapá é conhecido por ficar dentro da Região Amazônica e virou notícia no início de novembro, devido a um apagão de energia elétrica na maior parte de seu território.

Quase seis dias se passaram desde que uma subestação de energia, localizada em Macapá, foi atingida por um raio, durante forte tempestade, e pegou fogo. Daí então, 13 cidades do estado estão sem eletricidade, irritando e colocando os ânimos do povo à prova.

Neste domingo (8), a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) anunciou um rodízio de 6 horas para fornecer luz às cidades atingidas.

Segundo a CEA, a medida se faz necessária pois apenas 65% da capacidade do sistema foi restabelecida.

Ainda segundo a CEA, O transformador danificado passou por reparos e a prioridade para o fornecimento total de eletricidade será dada para hospitais e outros serviços considerados essenciais.

Quente, muito quente

Prejudicada pela ocorrência, a população tem sofrido com as altas temperaturas registradas no Amapá. Muitos não podem contar com ventilador ou sistema de ar refrigerado. Dorme-se mal e há bairros da capital que ficam literalmente no breu durante a madrugada.

Sem energia, o impacto no abastecimento de água é logo sentido, além de boa parte do comércio e dos supermercados.

Insatisfeitos com as providências tomadas, os moradores de Macapá vão às ruas, fazem protestos e bloqueiam estradas, queimando pneus.

O incêndio mostrou a situação periclitante quanto à questão do abastecimento elétrico no Amapá: na subestação, há três transformadores. O primeiro foi destruído pelo fogo e outro foi parcialmente danificado. O terceiro, que seria a “salvação da pátria” e previsto para funcionar como uma reserva, está em manutenção há um ano.

Bento Albuquerque, Ministro das Minas e Energia, está na capital amapaense e monitora a situação. Indagado sobre a volta da normalidade do sistema, ele prevê que até o final da semana que vem, a resolução esteja completa.

“Geradores termelétricos chegarão nos próximos dias a Macapá para reforçar a segurança energética do estado e também estamos fazendo obras de manutenção na Coaracy Nunes (uma usina hidrelétrica), para que possa aumentar a carga do estado”, disse o Ministro Bento.

Na noite de sábado, a Justiça Federal do Estado determinou uma solução em até 3 dias, a partir da data da intimação, para a questão do apagão no Amapá. Caso perdure o problema, a Isolux –responsável pela distribuição de eletricidade– terá que pagar uma multa de R$ 15 milhões.

Vida na prática

Bairro da capital Macapá, Perpétuo Socorro abrange parte dos 765 mil habitantes afetados por todo o estado da Região Norte.

Os moradores do bairro convivem com temperaturas de 30°C, sol escaldante e mau cheiro nos arredores. Mesmo assim, gente como Edelson Ferreira prefere arriscar a saúde, ao coletar água próxima a uma rede de esgoto e levar para sua casa. Perguntado pelo portal Metrópoles sobre o uso dessa água sem procedência segura, Edelson indica que é apenas para lavar roupa e louça e que faz tratamento dela com água sanitária.

A água, que tanto ele como outros vêm buscar, origina-se de uma tubulação quebrada pertencente à Caesa (Companhia de Água e Esgoto do Amapá). Edelson reconhece que não é o melhor dos mundos, mas assegura um recurso essencial à vida dele, de sua mãe e de dois sobrinhos.

Ele prossegue afirmando que um dos maiores problemas está no congelamento de alimentos –sem eletricidade, foi obrigado a descartar comida.

Sensação compartilhada pelo açougueiro Edson Souza, que relata a perda de mais de uma tonelada de carne. Em cifras, Edson estima que contraiu um prejuízo de R$ 18 mil. Com a nova rotina, o comerciante só tem comprado pequenas quantidades, objetivando vendê-las no mesmo dia.