Um artigo com resultados preliminares dos testes da vacina contra a Covid-19 que está sendo desenvolvida pela Universidade de Oxford, em parceria com a empresa farmacêutica AstraZeneca, foi publicado nesta segunda-feira (20) na revista médica The Lancet. O estudo aponta que a vacina, além de segura, demonstrou eficácia no estímulo à produção de anticorpos em voluntários no Reino Unido.
Segundo o relatório das fases 1 e 2 dos testes realizados por pesquisadores do Centro de Vacinologia Clínica e Medicina Tropical da Universidade de Oxford, juntamente com hospitais universitários pela Inglaterra, a vacina ChAdOx1 tem mostrado resultados positivos.
Ela foi aplicada em 1.077 voluntários, de forma randômica e cega (ou seja, sem que voluntários soubessem qual era a substância injetada).
Os testes aconteceram entre os dias 23 de abril e 21 de maio. O grupo controle recebeu uma vacina contra meningite, chamada MenACWY, já licenciada e fornecida pelo sistema de saúde britânico.
Realização dos testes
Todos os participantes, de idades entre 18 e 55 anos, fizeram exames completos de sangue e urina para garantir que estavam em boas condições de saúde. Foram excluídos voluntários com confirmação de infecção pelo novo coronavírus, bem como profissionais com alta exposição aos riscos de infecção, como médicos e enfermeiros, além de pessoas com sintomas que pudessem ser associados à Covid-19.
Os voluntários registraram um diário ao longo de 28 dias após receberem a vacina, a fim de relatar sintomas adversos ou possíveis efeitos colaterais. De acordo com os resultados, 70% das pessoas que receberam a vacina contra o coronavírus sentiram fadiga e 68% apresentaram dor de cabeça. Outros efeitos, como febre, dores musculares e calafrios foram reportados, principalmente no dia seguinte à vacinação.
Contudo, não foram adversidades graves e puderam ser amenizadas com paracetamol.
Foi verificado que o organismo daqueles que receberam a vacina contra o coronavírus teve um pico na produção de anticorpos em 28 dias, e esses anticorpos permaneceram por até 56 dias em quantidade considerável em quem tomou apenas uma dose da injeção.
Em 10 participantes que receberam uma segunda dose, a presença de anticorpos contra o vírus no dia 56 foi ainda mais elevada.
Terceira fase dos testes no Brasil
Os resultados do estudo permitiram a evolução para a terceira fase, com testes sendo realizados também na África do Sul e no Brasil.
As próximas etapas de testagem devem considerar pessoas idosas, com comorbidades, além de um maior número de trabalhadores de saúde, que foram incluídos ainda no fim de abril entre os voluntários.
No Brasil, os testes começaram oficialmente no dia 20 de junho, nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, com um número inicial de 3 mil voluntários. No Rio de Janeiro, ele está sendo conduzido pela Rede D'Or, enquanto em São Paulo a realização é feita pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com custeamento pela Fundação Lemann.