Verdadeiro terror que assolou boa parte dos anos 1980, a Aids arrebatou muitas vidas e gerou preconceitos que o tempo mostrou serem infundados. Esse mesmo tempo que ajudou na decadência da força da síndrome que ataca o sistema imunológico.

A Ciência passou a pesquisar e a disponibilizar medicações para combatê-la e dar mais longevidade aos portadores. Gradualmente, isso tem se tornado realidade.

Na última semana, veio mais uma boa notícia rumo à cura total da Aids: a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) divulgou decisão favorável a um medicamento –na verdade, uma injeção– cuja eficácia está em prevenir contra infecções causadas pelo vírus HIV.

Essa aprovação do órgão regulador da Saúde libera a comercialização do produto. Porém, não há até o momento uma data fixada para que ele esteja disponível à população.

Passo a passo

O remédio foi desenvolvido pela farmacêutica britânica GSK e a denominação técnica dele é Cabotegravir. Para facilitar mais as coisas na hora de pedir, o produto já possui um nome escolhido e de melhor memorização: Apretude.

Classificado como um medicamento de profilaxia pré-exposição, ele atua na prevenção de sintomas que o HIV pode manifestar.

Sim, existe a previsão de que o Apretude seja oferecido no Sistema Único de Saúde (SUS), mas isso deve demorar um pouco mais, visto que é necessária a aprovação do Ministério da Saúde, o qual também ficará responsável sobre as regras de uso.

A Fundação Osvaldo Cruz se encarregará de conduzir um projeto-piloto com esse remédio injetável. O motivo é que a fundação produz a versão em comprimidos, atualmente distribuídos nos postos de saúde do país.

É bom lembrar

Esta versão injetável não é considerada como uma vacina. Trata-se de uma espécie de imunizante que estimula uma resposta do próprio corpo, gerando mais anticorpos.

A composição segue a mesma lógica das vacinas: a utilização de partes enfraquecidas ou sem poder nocivo de vírus e bactérias a fim de que o sistema imunológico os identifique e prepare o combate a eles.

Do lado do usuário, é importante que ele se discipline e tome o medicamento em períodos regulares e frequentes. Caso abandone, desista ou interrompa o tratamento, a proteção não existe mais.

O Cabotegravir, ou Apretude, é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nessa fase de profilaxia pré-exposição e países como Austrália, Zimbábue e Estados Unidos autorizam o uso do remédio.

Em estudos clínicos preliminares, a injeção apresentou uma eficácia 69% maior em comparação com os comprimidos que evitam a infecção pelo vírus da Aids. A aplicação inicial são duas por mês e, posteriormente, vai para uma a cada dois meses. Todas elas são feitas na região das nádegas.

Raio-X

A Aids vem avançando no Brasil: os grupos de maior risco estão concentrados em homens que se relacionam com outros homens, profissionais do sexo e pessoas que não têm a doença, mas que convivem com pessoas soropositivas.

De acordo com o Boletim Epidemiológico de HIV/AIDS, entre os anos de 2011 e 2021, o percentual de diagnósticos subiu 198%. Antes, eram 13,7 mil ocorrências ao ano. Agora, essa taxa anual subiu para 40,9 mil.

Cerca de um milhão de brasileiros vivem com o vírus e as Nações Unidas estimam que 38,4 milhões de indivíduos estejam com o HIV no mundo.

Mais uma vez que se frise: os remédios disponíveis não curam a Aids, eles controlam a infecção gerada pelo vírus, impedindo desta forma, a evolução para a doença que devasta o sistema imunológico.