Nesta terça-feira (22), Jair Messias Bolsonaro (PSL) fez sua estreia como presidente do Brasil no Fórum Econômico Mundial, em Davos. Um dos maiores destaques nas reportagens em que foi citado se tratava do tempo da fala do governante, apenas 6 minutos.

O nervosismo do ex-capitão da reserva também foi nítido e não passou despercebido pelo público do evento ou aos jornalistas. O fato de que o governante não quis ceder entrevista também gerou um certo estranhamento.

Bolsonaro teria prometido um Brasil livre de corrupção e com maior abertura econômica e comercial.

Entretanto, a superficialidade do discurso do governante deixou algumas dúvidas no público das declarações, sendo que seu discurso foi considerado um dos mais curtos da sessão inaugural do Fórum Econômico Mundial.

A impressão da mídia internacional

A atuação de Bolsonaro como debutante do evento causou diversas reações da mídia internacional. O El País destacou a presença do ministro da Justiça, Sergio Moro, que fez parte da delegação deslocada para Davos. O magistrado foi responsável em grande parte pela prisão de Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do Partido dos Trabalhadores que concorreria contra Bolsonaro nas eleições de 2018.

Já o jornal britânico The Guardian destacou os escândalos envolvendo Flávio Bolsonaro (PSL), filho do então presidente, e de como eles acabaram ofuscando a estréia do ex-capitão da reserva no Fórum.

O caso se refere às movimentações atípicas realizadas pelo ex-assessor e ex-motorista de Flávio, Fabrício Queiróz. O caso ainda está sendo investigado, mas gerou repercussão internacional pelo possível envolvimento da família Bolsonaro com práticas de corrupção.

Há também suspeitas de que tanto Flávio quanto seus irmãos e seu pai estejam envolvidos com grupos milicianos, conhecidos como também como grupos de extermínio, do Rio de Janeiro.

Atualmente, esses grupos viraram alvos das investigações sobre a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL).

Já o Financial Times apontou a satisfação dos possíveis investidores presentes no local. Para o veículo, a abertura econômica prometida pro Bolsonaro, porém, deixou ambígua suas intenções envolvendo o meio ambiente, já que seu discurso em Davos contradiz os argumentos apresentados em seu plano de governo durante sua candidatura.

A defesa da agricultura comercial e a promessa de mineração em terras indígenas traz a preocupação quanto ao desmatamento da Floresta Amazônica, que pode acabar sendo facilitado pelo governo.

O New York Times destacou as semelhanças nos discursos de Bolsonaro e Trump, chegando a se referir ao ex-capitão como 'Trump dos Trópegos'. O Jornal ainda destacou que o estilo do presidente brasileiro é oposto ao dos estadistas que frequentam o Fórum. Houve também o lembrete de antigas falas de Bolsonaro em que ele se referia de modo grosseiro à população indígena, aos gays e às mulheres.

O veículo argentino Lá Nación destacou o discurso de oposição à esquerda adotado por Bolsonaro. O texto observa que o presidente usou sua apresentação no Fórum para injetar confiança no país.

Foi apontado também o tempo total do discurso do ex-capitão, que foi visto como enxuto por quem estava presente.

Já a BBC destacou também a superficialidade no discurso do presidente e apontou que o problema se encontra no que não foi dito. O painel estava previsto para durar 30 minutos, a apresentação de Bolsonaro teve uma duração de 6 minutos e depois mais 8 minutos de respostas que fez às perguntas de Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial.