A mãe e a esposa do ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nobrega, investigado pela Justiça suspeito de ser um dos cabeças da milícia Escritório do Crime, trabalharam até novembro do ano passado para o senador eleito e ex-deputado estadual pelo Rio de Janeiro Flávio Bolsonaro, do PSL.

A organização criminosa está sendo investigada pelos indícios de ter participação no assassinato da então vereadora pelo PSOL no Rio de Janeiro Marielle Franco.

Adriano teve um mandado de prisão expedido na última terça-feira (22) e encontra-se foragido. O PM está há mais de dez anos sendo acusado de ter participado de homicídios.

Ele e outro miliciano já chegaram a receber homenagens de Flávio Bolsonaro na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). Flávio, porém, disse por meio de nota que está sendo alvo de uma campanha para difamar a sua imagem e que o responsável pelas nomeações era seu ex-assessor Fabrício Queiroz.

Queiroz também se defendeu, por meio de nota, afirmando que é uma tentativa espúria de ligá-lo à milícia.

Queiroz é suspeito de recolher uma parcela dos vencimentos dos assessores de Flávio e depositar na conta do político. Pela amizade que tem com o capitão Adriano, as investigações também suspeitam que ele tenha indicado os familiares do policial militar para serem assessores de Flávio. Queiroz também é amigo do atual presidente, Jair Bolsonaro, o que reforça ainda mais as suspeitas.

A mãe e a esposa do capitão Adriano trabalharam dentro do gabinete de Flávio Bolsonaro e recebiam cerca de R$ 6 mil. Porém acabaram sendo exoneradas no começo de novembro, pouco de tempo depois da mídia revelar a existência desta milícia, o Escritório do Crime.

Adriano entrou no Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) no ano de 2000 e acabou sendo preso em 2011, por envolvimento no jogo do bicho.

Acusado de chefiar milícia foi homenageado por Flávio

Além de empregar parentes do ex-PM, Flávio Bolsonaro também já chegou a homenageá-lo duas vezes na Alerj.

A primeira vez foi em 2003, quando deu uma moção de louvor ao foragido, afirmando que o mesmo agia com "brilhantismo e galhardia", nas atribuições de seus deveres.

Já em 2005, a honraria concedida por Flávio foi a Medalha Tiradentes, homenagem mais importante do Estado do Rio de Janeiro.

O parlamentar aproveitou a ocasião para relembrar atos heroicos perpetrados pelo militar.

Outro alvo de mandado de prisão foi o major Ronald Alves Pereira, que acabou sendo preso na última terça (22). Ele foi homenageado pelo então deputado no ano de 2004, por ter participado em um ação da polícia que resultou em três mortos. O major também é acusado pela Justiça de ser participante da milícia Escritório do Crime.