Oficiais da Polícia Civil e promotores do Ministério Público do RJ prenderam na madrugada desta terça (12) dois suspeitos de terem assassinado Marielle Franco e Anderson Gomes, no Rio de Janeiro. A Operação Lume, executada pela Divisão de Homicídios da Polícia em parceria com o MP-RJ, prendeu o PM reformado Ronnie Lessa, suspeito de efetuar os disparos que atingiram as vítimas, e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, que teria dirigido o carro durante a perseguição.

De acordo com o G1, os acusados estavam saindo de casa, por volta das 4h30 da manhã. Élcio Vieira morava em uma casa na rua Eulina Ribeiro, no bairro Engenho de Dentro, enquanto Ronnie Lessa de Queiroz, de 48 anos, vivia em um condomínio de alto padrão na avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca.

A imprensa tem chamado atenção para o fato de que o referido condomínio, chamado Vivendas da Barra, é o mesmo que abriga a casa do presidente Jair Bolsonaro. É preciso ressaltar que a investigação não aponta nenhuma ligação entre o chefe do Executivo e Ribeiro, mas se trata de um indicador de como o local não é compatível com os ganhos de um PM reformado.

A força-tarefa cumpre ainda 32 mandados de busca e apreensão de documentos e objetos que possam servir como provas para a condenação dos suspeitos. Embora as investigações tenham chegado aos executores, não foram apontados possíveis nomes de mandantes. O assassinato da vereadora e de seu motorista completa 1 ano na quinta-feira, dia 14 de março.

Vieira e Queiroz foram indiciados pelo MP-RJ por homicídio duplamente qualificado.

Planejamento do crime

Promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado declararam que as investigações apontam para um planejamento cuidadoso do crime, que tomou pelo menos 3 meses.

Queiroz teria feito pesquisas na internet sobre lugares frequentados por Marielle Franco e ainda pesquisava sobre Marcelo Freixo desde outubro de 2017.

Além disso, foram realizadas buscas sobre a arma MP5, submetralhadora que teria sido usada na execução e também sobre o general Braga Netto, que comandava a intervenção militar no Rio de Janeiro.

Repercussão

Marcelo Freixo, deputado federal pelo PSOL do Rio, declarou que as prisões foram tardias e ressaltou que o caso não foi solucionado.

Amigo pessoal de Marielle, que foi sua assessora na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Freixo considera que esse foi um primeiro passo importante, mas é preciso buscar as reais motivações da execução.

O próprio deputado também seria alvo de um plano de execução, desmontado pela Polícia Civil em dezembro de 2018.

Marielle Franco era crítica da atuação das milícias, mas não tinha inimigos declarados. Segundo a assessora Fernanda Chaves, em entrevista para o Fantástico no domingo, dia 10, não houve nenhuma situação específica que pudesse ter servido como gatilho para o assassinato.

De acordo com matéria da Agência Brasil, o governador do estado do Rio, Wilson Witzel, deve participar de uma coletiva de imprensa às 11h no Palácio Guanabara ao lado do Secretário da Polícia Civil, Marcus Vinícius Braga, e dos delegados responsáveis pelo caso.