A Polícia Federal encontrou provas de Corrupção por parte de oficiais da Divisão de Homicídios da Capital (DH) do Rio de Janeiro que teriam atrapalhado na investigação do assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Segundo reportagem do UOL desta quinta-feira (4), fontes ligadas ao inquérito da PF descobriram que dois delegados da DH recebiam propina diretamente de milicianos.

O dinheiro era entregue na própria delegacia, localizada na Barra da Tijuca.

Em novembro de 2018, a PF deu início a apurações com o objetivo de investigar a atuação de agentes oficiais e milicianos que estariam atrapalhando o processo de esclarecimento do assassinato de Marielle Franco e de seu motorista. Em fevereiro, foram expedidos os primeiros mandados de busca e apreensão, motivados por uma delação de Orlando Oliveira de Araújo, conhecido como Orlando Curicica, que esteve entre os suspeitos de envolvimento no homicídio.

Nova linha de investigação no Caso Marielle

Entre as pessoas citadas por Curicica estariam também políticos como Domingos Brazão, ex-deputado estadual e conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

No passado, ele já havia sido preso em outra operação, responsável por averiguar esquemas de propina no TCE.

Preso desde 2017, Orlando Curicica acusou a Polícia Civil de o estar pressionando para que se assumisse como mandante do crime, versão negada pela DH. Além de Curicica, outra testemunha reforça a delação de que a organização miliciana "Escritório do Crime" tenha membros infiltrados nessa delegacia especializada.

Segundo as delações, "mesadas" eram pagas a agentes da DH para que as investigações não apontassem os reais responsáveis pelos crimes. A presença de agentes infiltrados também serviria para que os grupos fossem informados, com antecedência, de operações policiais, a fim de ocultarem provas.

Prisão de suspeitos

Um dia antes do assassinato da ex-vereadora completar um ano, em 14 de março, dois suspeitos foram presos. Ronnie Lessa, PM reformado, teria disparado os tiros, enquanto o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz dirigia o carro usado na perseguição. Ambos têm histórico de envolvimento com o grupo de milícia "Escritório do Crime" e com máfias que atuam no jogo do bicho. Lessa ainda é suspeito de contrabando de armas e de agir como assassino de aluguel em outros casos.

No início de março deste ano, a PF colocou pelo menos oito inquéritos da Divisão sob análise, por ordem da Procuradoria-Geral da República (PGR). Além do inquérito referente à execução de Marielle e Anderson, estão dois assassinatos de herdeiros da máfia do jogo do bicho ocorridos em 2017.

Procurada pela equipe do UOL, a Polícia Civil ainda não se manifestou sobre o caso.