Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, enviou uma carta ao jornal Folha de S.Paulo para esclarecer uma reportagem publicada pelo veículo em parceria com o site The Intercept Brasil. A reportagem publicada no último domingo (30) analisou mensagens obtidas pelo site que apontam que a delação de Léo Pinheiro teria sido forjada, ao que o empresário rebate dizendo que não foi coagido.

O empreiteiro Léo Pinheiro está preso em Curitiba, e, desde a sua prisão, não falou com a imprensa, porém, decidiu quebrar o silêncio e esclarecer o caso sobre a sua delação premiada.

O ex-presidente da OAS foi a principal testemunha para a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do triplex de Guarujá.

Na carta, o empreiteiro afirma que não mudou ou criou versões do depoimento porque estava sendo pressionado pela Polícia Federal ou Ministério Público. Ele escreve que decidiu fazer a delação premiada em meados de 2016, quando ainda estava em liberdade.

Léo Pinheiro disse na carta que a decisão de fazer a colaboração premiada foi uma opção dele, e não em razão de ter sofrido pressão de autoridades. Ele redigiu que foi uma forma de passar a limpo os erros cometidos. Completa ainda que seu compromisso é com a verdade, e destaca que o seu relato tem credibilidade, já que foi sustentado por testemunhas e documentos.

Léo Pinheiro teria sido coagido

A reportagem publicada pela Folha de S.Paulo, em parceria com o The Intercept Brasil, revela que as mensagens trocadas entre os procuradores indicavam que o depoimento de Léo Pinheiro passou a ter credibilidade após mudar diversas vezes sua versão sobre o triplex de Guarujá, na qual ele afirmou que foi reformado pela empresa para o ex-presidente Lula.

As investigações sobre a relação de Lula e a empresa também recaem sobre o sítio de Atibaia. As mensagens obtidas pelo site, e analisadas pela Folha, mostram que os procuradores estavam irritados na primeira fase da negociação com empreiteiro.

Léo Pinheiro apenas descrevia que as reformas no tríplex e no sítio foram uma forma de agradar a Lula, sem contrapartida, versão que ose os procuradores consideraram pouco crível.

Então, em 2017, em depoimento ao então juiz Sergio Moro, Léo Pinheiro mudou sua versão sobre o apartamento do Guarujá, afirmando que pertencia a Lula, e que as reformas no apartamento e no sítio foram pagas pela OAS e o valor foi descontado da propina que estavam devendo ao PT em favor de contratos fechados com a Petrobras.

Condenação de Lula

Lula foi condenado por Sergio Moro por Corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex de Guarujá. A pena foi de 9 anos e 6 meses de prisão, e depois reduzida para 8 anos e 10 meses pelo Superior Tribunal de Justiça. O Ministério Público denunciou Lula em 2016 sobre a acusação de receber propina da OAS em troca de contratos com a Petrobras.