O jornal Estado de S. Paulo recorreu à Justiça para obter os resultados dos exames de coronavírus realizados pelo presidente Jair Bolsonaro, os quais ele se recusa a divulgar. No entanto, o Supremo Tribunal Federal pediu os testes, e o Governo entregou ao ministro Ricardo Lewandowski.

Bolsonaro afirmou que fez dois testes, ambos com resultado negativo, mas o presidente rse ecusou a divulgá-los.

Em nota divulgada pela Advocacia-Geral da União (AGU), os testes foram entregues e atestam que Jair Bolsonaro testou negativo para doença.

Segundo nota do gabinete de Lewandowski, divulgada nesta terça-feira (12), eles confirmaram o recebimento dos exames. O documento foi lacrado e será analisado pelo ministro na manhã desta quarta-feira (13).

Bolsonaro teria declarado em vídeo medo de impeachment

A Superintendência da Policia Federal exibiu ontem o vídeo da reunião ministerial que ocorreu no dia 22 de abril. O conteúdo era de extrema importância para saber se, de fato, as declarações feitas pelo ex-ministro Sergio Moro, de interferência na Polícia Federal, pelo presidente República eram verdadeiras.

No entanto, o vídeo também mostra que Bolsonaro teria chamado os exames de "porcaria" durante a reunião. Ele também teria afirmado que não divulgaria o exame de Covid-19 por medo de processo de impeachment. O relato foi feito por fontes que acompanharam a exibição do vídeo. A informação foi divulgada pelo jornalista Fausto Macedo, do jornal O Estado de S. Paulo.

A íntegra do vídeo segue em sigilo por determinação do ministro Celso de Mello, relator do inquérito que apura a suposta tentativa de interferir dentro da Polícia Federal.

O jornal conseguiu na Justiça a obrigatoriedade de exibir os exames de coronavírus do presidente da República, alegando que a população deve ter acesso à informação, pois trata-se de algo do interesse público.

O governo se recusou apresentar os dados dos exames para o jornal, afirmando que os testes diriam respeito à intimidade do presidente Jair Bolsonaro.

Governo e quarentena

O presidente Jair Bolsonaro realizou os testes de Covid-19 após parte da delegação que o estava acompanhando na viagem para os Estados Unidos ter contraído a doença.

Ele realizou dois testes, o primeiro deu negativo, e, antes de fazer o segundo exame, ele descumpriu as recomendações dos médicos para se manter em casa. Assim, o presidente participou de uma manifestação a favor do seu governo, e contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal.

Bolsonaro desceu a rampa do Palácio do Planalto e foi até a grade, onde apertou a mão de apoiadores e tirou selfies.

Quando foi questionado sobre dar o exemplo por ser presidente da República, ele declarou que não convocou os atos e que fez a sua parte indo conversar com seus apoiadores.

Naquela ocasião, o Brasil estava com 200 casos de coronavírus. Bolsonaro, à época, foi contra a recomendação do próprio ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta. Após divergências com Mandetta, Bolsonaro demitiu-o e colocou Nelson Teich na vaga.

Bolsonaro diz que governadores afrontam democracia

O presidente da República estendeu a lista que conta com os serviços considerados essenciais. No decreto constam academias, salões de beleza e barbearias. Contudo, os governadores desobedeceram o decreto presidencial.

Bolsonaro criticou os governadores e declarou que eles estavam afrontando a democracia ao não obedecer a classificação de academias, barbearias e salões de beleza como serviços essenciais.

Bolsonaro ainda declarou que estes serviços podem estar funcionando mesmo durante as medidas de isolamento social.

O presidente usou as redes sociais para criticar os governadores que não obedeceram o decreto.