A medida que as investigações contra Flordelis avançam, a Polícia descobre cada vez mais informações sobre o passado da pastora e deputada federal (PSD-RJ). No decorrer desta semana, uma nova testemunha contou na Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG) que Flordelis tinha costume de convidar seguidores da igreja para irem até sua casa com intuito de manter relações íntimas com ela. A testemunha, de 48 anos, disse que trabalhou como obreiro em um dos ministérios da pastora, situado à época no bairro do Rocha, zona norte do Rio.

Durante o depoimento, a testemunha explica que a pedido da família de Flordelis começou a frequentar a casa da pastora e após passar uma temporada convivendo com os familiares do casal, pode perceber que exista uma atividade estranha nas dependências da casa, na qual alguns frequentadores da igreja eram convidados por Flordelis para visitar sua residência e que em certa ocasião teria presenciado um dos fiéis sozinho no quarto com a pastora.

Insinuações sutis

A testemunha também afirma que em duas ocasiões ele se sentiu envolvido pela pastora, entretanto, negou que manteve relações íntimas com Flordelis. O obreiro relatou que na primeira vez ele foi convidado para participar de uma congregação de pastores e na viagem o pastor Anderson tentou convencê-lo a dormir no quarto junto com a pastora. O outro caso ocorreu em um retiro espiritual, na ocasião Flordelis teria tentado se insinuar de forma sutil, afirmando ter tido uma visão de que ele amava mais sua própria mulher do que ela o amava. O obreiro disse que após as declarações procurou se afastar da família. Procurada pela equipe de reportagem do jornal Extra, Flordelis negou as acusações e afirma desconhecer o obreiro.

Flordelis desejava ser venerada

A testemunha disse acreditar que Flordelis faz parte de uma seita disfarçada de congregação religiosa. Ela afirma que na época pôde perceber que as atitudes da pastora não condiziam com os ensinamentos religiosos. O obreiro ainda afirmou que a prática da família de Flordelis é mexer com o psicológico das pessoas próximas da família de forma tênue.

O depoente explicou ainda que Flordelis gostava de estar sempre no centro das atenções e que todos deveriam respeitá-la. Certa vez a pastora teria dito que se alguém a desrespeitasse ela bateria em quem quer que fosse, inclusive no marido. Ainda de acordo com a testemunha, certa vez foi realizado uma reunião na casa de Flordelis com o intuito de eliminar um pastor rival que estava atravancando os planos de uma das igrejas da deputada, entretanto o depoente não soube fornecer mais detalhes se o pastor teria sido executado ou não.

Flordelis mantinha tratamento desigual entre os filhos

A testemunha também afirmou à polícia que a pastora costumava praticar um tratamento com regras desiguais entre os filhos biológicos e os afetivos, confirmando a versão apresentada por outras testemunhas em relação ao assunto. Além disso, o depoente explicou que na casa existia um grupo muito próximo a Flordelis. Ele também relatou que mais tarde ficou sabendo do relacionamento de Anderson com uma das filhas biológicas de Flordelis.

Após ser indiciada pelo MP-RJ como a mentora do assassinato do pastor Anderson do Carmo, sete filhos e uma neta da pastora foram detidos pela polícia por suspeita de participação direta no crime, entre eles Simone, filha biológica de Flordelis, que no passado teria tido um relacionamento amoroso com Anderson.

Todos os suspeitos de envolvimento no crime estão presos, a única exceção é Flordelis, que possui foro privilegiado por ser deputada federal. Para ser presa a parlamentar precisa ter o mandato cassado pela Câmara dos Deputados.