O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltou a fazer crítica contra o Governo quanto à agilidade para adquirir uma vacina para ser usada no combate à pandemia. Para Maia, o governo já deveria ter sobretudo um plano de vacinação.

Durante uma entrevista para o jornal Folha de S. Paulo, Maia disse que a demora na aquisição do imunizante está sendo um dos maiores erros políticos já cometidos pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Para Maia essa questão da vacina vai desgastar a imagem de Bolsonaro. "A demora na compra da vacina é o maior erro político de Bolsonaro", disse.

O presidente da Câmara disse também que esse erro pode dificultar a campanha de reeleição de Bolsonaro nas eleições de 2022. Segundo Maia, erros cometidos desde o começo da pandemia até o presente momento vão ser lembrados pelos eleitores durante as eleições.

Maia também falou sobre a disputa política entre Bolsonaro e o governador de São Paulo João Doria (PSDB) sobre de onde deve ser comprada a vacina. Ele disse que essa discussão traz insegurança para população que acaba ficando aflita ao ver a disputa entre Bolsonaro e Doria e começa a entrar em desespero e pânico.

Maia então voltou a falar sobre isenção na compra de armas no exterior que o governo retirou para facilitar importação por brasileiros.

Ele então continuou dizendo que o governo precisa deixar a paixão de lado, a ideologia, e os conflitos com Doria e apresentar uma solução viável para conter a pandemia no Brasil.

Prestes a deixar o cargo de presidente na Câmara dos Deputados, Maia falou um pouco sobre os pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Ele disse que esse é um julgamento político e não jurídico.

Maia disse também que o impeachment não pode ser usado para ameaçar o governo a cada conflito que é travado contra Doria.

Maia disse que governo criou 'balcão da negociação'

Maia também falou sobre as articulações do governo para eleger o novo presidente da Câmara que seja alinhado ao presidente da República, no caso o deputado Arthur Lira (PP-AL), que vem sendo apoiado por Bolsonaro.

O presidente da Câmara disse que o governo está criando um “balcão” de negociações para conseguir eleger Arthur Lira e que se o plano do governo der certo, provavelmente o Brasil terá um governo pressionado até as próximas eleições que fará ações em trocas de favores.

Maia disse também que se Arthur Lira vencer as eleições para presidente da Câmara, Bolsonaro estaria voltando ao processo político, mas o maior desfalque sofrido por Bolsonaro foi a derrota de Donald Trump (Republicano) nas eleições presidenciais nos Estados Unidos esse ano de 2020. Maia classificou a ligação de entre Bolsonaro e Trump como uma ligação populista internacional.

Ele também citou as derrotas sofridas pelos candidatos que estavam sendo apoiados por Bolsonaro e agora aguarda os resultados da eleição na Câmara, o qual ele disse que vai representar um simbolismo. Ele comparou a interferência de Bolsonaro com a da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) quando tentou eleger Arlindo Chinaglia, do PT, contra o deputado Eduardo Cunha, em 2015.