O Estado de São Paulo não mudou de cor na lista de fases de restrição de circulação e combate ao coronavírus. Mas não dá para evitar e deduzir que a atual fase vermelha adquiriu tons mais escuros.

Novas medidas vigorarão a partir de 15 de março, segunda-feira, no intuito de frear e controlar a velocidade de transmissão da Covid-19. Essas regras valerão até o fim do mês, isto é, dia 30 de março.

De acordo com o pronunciamento do governador João Dória, entre as 20h e 5h dessa quinzena será implantado um “toque de recolher”. Ou seja, os paulistas não deverão circular por áreas públicas e ruas das cidades. O recomendável é que os cidadãos fiquem em casa durante o período, salvo se precisaram sair por questão de necessidade extrema, como comprar um remédio na farmácia ou abastecer a despensa com produtos alimentícios e de higiene.

Indo mais a fundo

Ao todo, serão 14 ramos de atividade que entrarão nessa fase quase estoica de comércio e circulação de mercadorias, pessoas e serviços.

O objetivo é conter o avanço do vírus pelo estado, além de evitar um colapso no sistema de saúde paulista, o que por sinal, está prestes a ocorrer logo.

De acordo com o Governo estadual, haverá fiscais nos lugares públicos e, caso alguém esteja em trânsito, poderá ser abordado por eles, no intuito de saber o motivo pelo qual está fora de casa. Outro pedido vindo das instâncias estaduais é que o povo evite ou não forme grupos e aglomerações, cooperando na diminuição da expansão da pandemia.

Torpedo disparado

Na fase mais restritiva, certas atividades como cultos religiosos e funcionamento de lojas de material de construção estão proibidos.

Outras áreas afetadas são os serviços de “clique e retire no local” disponibilizados por supermercados e shopping centers. Portanto, antes apontado como a “tábua de salvação no meio do oceano”, o comércio eletrônico será duramente atingido.

Campeonatos esportivos profissionais e o trabalho presencial para as atividades administrativas também serão suspensos. Quem é da área administrativa, recomenda-se o sistema de ‘home office’. Parques e praias estarão com acesso totalmente proibido.

Ainda com relação às igrejas, está permitido o atendimento individual em seus recintos. Com a restrição de uso do e-commerce a partir de amanhã, o sistema de entregas de comidas e almoços só será permitido quando o cliente retirar sua encomenda ao vivo e em cores no restaurante/lanchonete escolhido. Esse tipo de ‘delivery’ ou ‘drive-thru’ funcionará das 5 h às 20 h.

Ponto ainda discutível de controle, o governo de São Paulo tenta estabelecer uma regra para o sistema de transporte.

A nova fórmula considerou os trabalhadores por ramo de atividade, montando um escalonamento assim divulgado: para funcionários da indústria, a entrada em serviço ocorrerá entre 5h e 7h, para os que atuam no ramo de serviços, o horário autorizado será entre 7h e 9h e, finalmente, os do comércio entrarão entre 9h e 11h.

Isso tudo não descarta as medidas já adotadas desde o início da pandemia, isto é, a utilização de álcool gel e máscaras cobrindo o rosto nos ambientes internos.

Drama em todos os sentidos

Segundo o Secretário Estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, muitos hospitais chegaram a 100% dos leitos ocupados. Ele salientou que, ao contrário do ano passado, os mais atingidos e vitimados são jovens na faixa dos 25 aos 30 anos.

Na espera por uma vaga nos leitos de UTI (Unidades de Terapia Intensiva), 38 pacientes infectados morreram em todo o estado na última terça-feira, 09/03, não dando chance de atendimento e suporte adequados.

Deve-se acrescentar que, na quarta, 10/03, São Paulo quebrou o recorde de números registrados de óbitos. Foram 312 contra 289 em agosto de 2020 – o maior até então.

Jean Gorinchteyn não titubeou e classificou que “esse é o pior momento da pandemia no nosso estado, na verdade é o próprio país que vive (...) a maior crise sanitária de todos os tempos. Nem mesmo a gripe espanhola assolou tantas vidas. (...). Estamos, portanto, no limite”.