Na segunda-feira (19), moradores de várias cidades do estado de São Paulo divulgaram fotos do céu que se escureceu a partir das 15h. A escuridão que assustou a população pode ser explicada pela chegada de uma frente fria e também pela fumaça acumulada de queimadas ocorridas principalmente em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Além dos incêndios esperados pela época de seca, a atividade de fazendeiros que se utilizam da prática para limpar o pasto foi intensificada nos últimos dias. No sul do Pará, produtores rurais do entorno da BR-163 anunciaram o "dia do fogo" em 10 de agosto, e o registro de focos de queimadas aumentou consideravelmente, segundo fotos de satélite divulgadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Em Rondônia, onde a umidade do ar e o nível de precipitação está reduzindo à medida que mais desmatamentos ocorrem, a população também denunciou a ocorrência de queimadas que deixaram o céu encoberto por fumaça.

No Centro-Oeste do país, a divisa entre o Paraguai e o Mato Grosso do Sul é a região que mais sofre com queimadas, segundo apuração do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

As partículas de fumaça sendo levadas pelo vento para o interior do continente sul-americano foram registradas e divulgadas no Twitter oficial da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos. Em São Paulo, essa fumaça se uniu à densa frente fria vinda do leste e trazendo umidade do oceano. A fumaça também chegou ao norte do Paraná.

Recorde de queimadas

2019 é o ano com o maior número de queimadas registradas desde 2013. Só em agosto foram registrados 32.932 focos até domingo, 18, o que representa um aumento de aproximadamente 264% em comparação ao ano anterior. Mato Grosso é o estado com mais registros, 13.641, o que significa 88% a mais em relação a 2018.

Mato Grosso também está entre os estados em que o desmatamento avançou mais, ao lado do Pará e do Amazonas. O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) apontou o crescimento de 15% de desflorestamento na Amazônia Legal desde agosto de 2018. Somente no mês de julho deste ano foram desmatados 1.287 km², 66% a mais do que em julho do ano anterior.

Fundo Amazônia ameaçado

A escalada do desmatamento e o discurso do presidente Jair Bolsonaro contra a proteção da floresta Amazônica, bem como das reservas indígenas, têm causado tensões com países que investem no Fundo Amazônia. Preocupados a política ambiental do atual governo, Alemanha e Noruega congelaram o envio de verbas para o fundo.

Em resposta, Bolsonaro criticou a gestão que os países europeus fizeram das próprias florestas e chegou a divulgar um vídeo de matança de baleias, como se ocorressem na Noruega –o registro, na verdade, foi feito em uma ilha da Dinamarca.

Jornais alemães como Die Zeit e Der Spiegel publicaram editoriais em que sugerem que a Alemanha promova sanções econômicas ao Brasil, mirando, por exemplo, nas exportações de carne e soja.