Na tarde desta quinta (2), durante conversa com líderes religiosos no Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro voltou a minimizar a pandemia do coronavírus, que já atinge 186 países espalhados pelo mundo inteiro. O mandatário declarou que entre 60% e 70% da população brasileira será contaminada e que a tentativa é retardar a infecção para que os hospitais tenham condições de atender a todos, além de ressalvar que "não conhecia hospitais lotados", segundo reportagem do portal Terra.

Boa parte dos pastores reitera a narrativa de Jair Bolsonaro e muitas igrejas seguem abertas, embora sem a presença da maioria dos fiéis, que preferem permanecer em casa conforme a orientação de médicos e profissionais de saúde.

O isolamento social tem sido a estratégia mais adotada e eficaz em nível internacional para conter a disseminação da infecção e evitar a propagação da doença.

No entanto, alguns líderes religiosos importantes continuam a realizar seus cultos nos templos relativamente vazios e com transmissão pela internet.

Apoio a Bolsonaro tem queda entre os evangélicos

"Há uma redução enorme da frequência das pessoas nas igrejas", disse o sociólogo Clemir Fernandes, do Instituto de Estudos da Religião, ao portal Terra. Ele ainda acrescenta: "Quanto mais a imprensa fala e as pessoas têm informações e percebem os riscos, mais tomam previdências. Afinal, as mortes estão aumentando".

O sociólogo também enfatiza que, politicamente, tentar reduzir os riscos relacionados ao surto do coronavírus ou minimizar a necessidade de isolamento social, por exemplo, não pode ser considerada uma estratégia que possa ser sustentada por Bolsonaro diante da opinião pública mediante os acontecimentos.

Ainda segundo Fernandes, assim como na população em geral, entre os evangélicos o apoio ao presidente Jair Bolsonaro tem caído nas últimas semanas, o que inclui a bancada evangélica no Poder Legislativo, que conta com parlamentares médicos e outros que têm acesso à informações qualificadas sobre o assunto.

Os números do coronavírus no Brasil e no mundo

Ainda na tarde desta quinta (2), o Ministério da Saúde anunciou 7.910 casos confirmados de pacientes infectados pelo coronavírus no Brasil, com 299 vítimas fatais, o que representa uma taxa de letalidade de 3,8%. O estado de São Paulo segue com o maior número de casos (3.506) e óbitos (188).

No mundo todo, já são mais de um milhão de registros da doença e o número de mortos já ultrapassou 50 mil, de acordo com os dados mais recentes da Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos. As estatísticas mostram que, nos últimos 30 dias, o número de casos aumentou aproximadamente 1.000% em todo o planeta. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), o total de casos pode ser ainda maior, já que nem todos os pacientes suspeitos são diagnosticados e registrados.