A pandemia ocasionada pela Covid-19 pôs do avesso o mundo. O vírus foi o responsável pela maior crise sanitária do nosso século, abalando a economia de diversos países e mudando radicalmente o estilo de vida em sociedade. Diante da necessidade, foi preciso desenvolver novas formas de trabalhar, estudar e se entreter.

Protocolos de segurança foram instaurados, com o uso obrigatório de máscaras e a higienização constante das mãos. Também foram recomendados o distanciamento social e o isolamento em quarentena. Esses procedimentos foram instaurados como forma de evitar a contaminação em massa da Covid-19.

Recentemente foi descoberta uma vacina capaz de imunizar a população contra o vírus e todos anseiam pelo retorno à normalidade. "Depois de tomar a vacina, é preciso voltar para casa e manter o isolamento social", explica a bióloga Natália Pasternak, presidente do Instituto Questão de Ciência, em contato com a BBC Brasil.

Após 15 dias e o consequente recebimento da segunda dose, a pessoa poderá voltar às ruas novamente. Contudo, reforça Natália, medidas como distanciamento social e uso de máscaras precisarão ser mantidos até que a maioria da população esteja imunizada.

Entretanto, mesmo após tomar a vacina, será necessário manter o isolamento social e esperar que a maior parte da população tenha sido imunizada até que a vida possa voltar ao normal.

Realidade brasileira

No Brasil, em relação à vacinação contra coronavírus, até que a vacina chegue à maior parte da população deve demorar algum tempo. Mesmo com a aprovação do método pela Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária), a produção de milhões de doses requer tempo, trâmites com indústrias farmacêuticas, a dificuldade na distribuição e armazenamento, filas de espera de outros países, dentre tantas outras problemáticas.

O ministério da Saúde divulgou uma lista de pessoas prioritárias para o recebimento das vacinas, dividindo em três grupos prioritários. Somente após este processo, a população em geral será vacinada.

A primeira fase do plano inclui a vacinação dos trabalhadores da saúde, idosos a partir dos 75 anos e pessoas com 60 anos ou mais que residem em instituições de acolhimento e a população indígena.

Na segunda fase, está prevista a vacinação da população de 60 a 74 anos. Na terceira fase prevê-se a imunização daqueles com comorbidades, tais como diabetes, cardiopatias e doenças renais crônicas. Na quarta e última fase, prevê-se as forças de segurança e salvamento, professores, funcionários do sistema prisional.

De acordo com o que foi divulgado pelo governo federal, o cronograma completo deverá ser apresentado em breve à população.

Como a vacina atua?

A contaminação pelo vírus pode variar de pessoa para pessoa. Para conseguir se propagar é necessário achar um corpo hospedeiro suscetível à doença. Entretanto, a vacinação reduz consideravelmente o número de pessoas suscetíveis, de modo que o vírus é contido e não consegue mais circular.

Se tomada individualmente, ou seja, se apenas uma pessoa for imunizada, a vacina não é capaz de promover 100% de sua eficácia. Mas, caso haja uma boa cobertura vacinal, será possível diminuir consideravelmente a circulação do vírus através da chamada imunidade de rebanho, que é muito importante não somente pela eficácia das vacinas não ser de 100%, mas também porque existem muitas pessoas que não podem tomar a vacina, seja por não terem idade ou por não se incluir no programa de vacinação, tais como, crianças, gestantes e pessoas com alguma doença que comprometam o sistema imunológico.

Desde a última segunda (8) está sendo distribuída no Reino Unido a vacina criada pela Pfizer/BioNTech, uma das que já demonstraram eficiência contra o coronavírus.

Segundo a terceira fase de testes, a vacina da Pfizer mostrou ter 95% de eficácia. Para a OMS, no caso do coronavírus, estima-se que para estabilizar e conter a pandemia seja necessária uma cobertura vacinal de 80% –e idealmente de 90%– da população mundial.

Na última quarta-feira (2), foi divulgado no Brasil a primeira fase do plano preliminar para a vacinação contra a Covid-19. A decisão foi confirmada oito dias após a reunião técnica que definiu as estratégias iniciais da imunização no território nacional. Nesta ocasião, foram abordados os eixos estratégicos do plano operacional, os principais grupos a serem priorizados, expectativas de prazos, dentre outras questões essenciais para o atendimento da demanda e durante as fases da imunização em massa.

A perspectiva é que, ao menos uma das vacinas imunizantes da doença esteja disponível no Brasil até 2021.